A incerteza do mercado tem impacto direto no comportamento das novas gerações (digitais). Falamos de pessoas que cresceram rodeadas por dispositivos digitais e que sabem tudo sobre eles.
Ao mesmo tempo, estas gerações enfrentam questões reais, como o elevado custo de vida, que está no topo da sua lista de preocupações. Segundo um estudo da Deloitte, registou-se um aumento de 29% em 2022 para 35% em 2023. Este estudo, que inclui 14.483 pessoas da Geração Z (Gen Zs) e 8.373 Millennials de 44 países, indica também que os níveis de stress e ansiedade se mantêm elevados e o esgotamento está a aumentar; de facto, quase metade dos Gen Zs (46%) e quatro em cada dez Millennials (39%) afirmam sentir-se stressados ou ansiosos no trabalho durante todo o dia ou na maior parte do tempo.
Por outro lado, as mudanças climáticas são uma grande preocupação para os Gen Zs e Millennials, numa altura em que vários norteiam as suas decisões de carreira nos seus princípios e aspiram a poder promover transformações nas suas organizações.
Fatores para escolher uma empresa de TI
Se tivermos em consideração tudo o que foi mencionado, quer sejam mudanças na sociedade ou o desenvolvimento tecnológico, o que deve ser considerado ao escolher uma empresa de TI?
- Cultura organizacional: Promover a diversidade, o crescimento pessoal e programas de formação são fatores chave na escolha de empresas de TI para as novas gerações. Também é crucial estabelecer políticas de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, pois as novas gerações dão maior importância à vida fora do trabalho. Acreditam que criar um equilíbrio harmonioso é essencial para melhorar não só o seu bem-estar físico, emocional e mental, mas também a sua carreira.
- Inovação: Ao escolher uma empresa, este é um tema importante; assim sendo, o novo local deve ter projetos desafiantes, inovadores e valiosos (onde os profissionais não só podem adquirir novas competências, mas também estimular o pensamento crítico e criativo).
- Mobilidade interna: O desejo por mais mobilidade interna é um fator essencial para a retenção de talentos. De facto, muitos colaboradores não se sentem encorajados a assumir novos papéis internamente e não se sentem à vontade para discutir oportunidades internas de forma aberta com os seus gestores. Para além disto, muitos não sabem com quem devem falar na organização sobre oportunidades de mobilidade interna quando procuram um novo papel na empresa.
- Benefícios para além do salário: Não é só a remuneração que deve ser considerada ao desenhar a lista de prioridades de um profissional de TI; as novas gerações procuram muito mais do que isso. Falamos de seguro de saúde, ajudar os colaboradores com a educação dos seus filhos, reduzir a insegurança financeira dos colaboradores, dando-lhes liquidez imediata, e assim por diante.
No fundo, é cada vez mais redutor para as empresas limitarem-se ao pacote salarial, pois existem outros aspetos igualmente importantes a considerar. Segundo um estudo da Lever, 42% da Gen Z prefere uma empresa com valores alinhados com os seus, em vez de um bom salário. Isso deve fazer-nos pensar, certo?
- Responsabilidade social e ambiental: A consciência ambiental já não é uma tendência. De facto, com o passar do tempo, este aspeto torna-se cada vez mais importante, e as novas gerações procuram organizações que demonstrem um forte compromisso com a responsabilidade social, ambiental e económica. Trata-se de criar iniciativas como programas de voluntariado, investir em causas sociais e ambientais, criar planos estratégicos para alcançar a neutralidade de carbono e preservar a natureza.
Muito mais do que um apenas um local de trabalho
Se olharmos para o relatório da McKinsey, vemos que, ao contrário das gerações anteriores, estes jovens não acreditam que a incerteza financeira alguma vez irá terminar. É também visível um fosso geracional no local de trabalho, com diferenças claras entre a Gen Z e outras gerações em termos das suas perspetivas, capacidade de trabalho efetivo e o futuro.
Além disto, é fácil entender neste estudo que as novas gerações valorizam aspetos como o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, compensação e questões de saúde mental e também gostam poder de ter a flexibilidade para trabalhar em múltiplos empregos ou em posições independentes.
Afinal, o importante para estas novas gerações é fazer análises cuidadosas ao procurar uma empresa de TI para trabalhar. Não basta dizer sim e ir. É muito importante analisar a cultura organizacional e se é transparente e inclusiva, mas também entender se existem projetos inovadores e disruptivos que possam representar desafios para os colaboradores.
É fundamental identificar se estas organizações estão a investir em programas de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e se têm boas oportunidades de formação e desenvolvimento profissional. O dinheiro por si já não é o único fator chave na escolha de um novo empregador.